O leitor tem em suas mãos tudo que se espera de um livro de História – um texto bem escrito, uma pesquisa empírica de fôlego, uma fina articulação de temas diversos e, principalmente, uma perspectiva singular sobre um período já tão discutido na Historiografia brasileira.

Thays se aproxima da Marcha para Oeste e da Expedição Roncador-Xingu com um olhar atento aos interesses do empresariado paulista na empreitada. Isso permite à autora explorar novas conexões entre o Estado Novo e o grande capital, demonstrado como essas expedições estatais se enredavam com dinâmicas regionais paulistas e com os projetos de próceres do capitalismo bandeirante, como Roberto Simonsen.

O livro logra também um equilíbrio difícil, que é o de combinar uma boa exposição narrativa que permite ao leitor se situar na história sendo contada com uma análise densa de questões historiográficas. Assim, os que pouco sabem a respeito da Roncador-Xingu irão terminar a leitura com uma boa ideia do que foi essa expedição, enquanto o público especializado poderá conhecer uma nova interpretação sobre a história do país em período já tão estudado.

Finalmente, o estudo de Thays permite pensar dilemas contemporâneos do Brasil, em especial a persistência da visão colonial na gestão de terras e de povos nos mais variados cantos do país.
João Marcelo Ehlert Maia